terça-feira, 22 de novembro de 2011

O brincar como auxílio no comportamento e na comunicação da criança autista

Ensinar a brincar
A brincadeira é a linguagem das crianças. Pela brincadeira se pode aprender a interação social, trabalhar a atenção, seqüências, habilidades, solucionar problemas, explorar sentimentos, desenvolver causa e efeito, estimular a criatividade. Com a falta de interação social, comunicação e problemas no comportamento, muitos autistas vão necessitar de ajuda para estabelecer uma relação com outras crianças e muitos não sabem brincar, o que precisa ser ensinado.
Para começar escolha algo que funcione com o autista, o que chamaria a sua atenção (dinossauros, tubarão, fadas, jogos, bola). Deixe a criança iniciar a brincadeira, fazer uma escolha. Se a criança recusar a sua presença na brincadeira comece apenas observando-a brincar, depois introduza comentários ("nossa, este carro é bem veloz!"). Não se preocupe se a criança ignorar seus comentários, continue a introduzi-los aos poucos.

Ajude a criança a engajar-se na comunicação recíproca na brincadeira. Exemplo: a criança está brincando com um carrinho. Você pode pegar outro carro e dizer: "este carro amarelo corre melhor que o azul. Vou mostrar! Cadê o azul? Ah! aqui está". (Pegue o carro marrom e deixe a criança corrigir você). Cometa outros erros e comece uma corrida de carros com isso.

Quando a criança estiver confortável em brincadeiras recíprocas, aumente a interação.
Exemplo: Ela só quer brincar de carrinho, pegue um brinquedo de animal e peça carona, depois reclame que o cachorro está com fome proteste e insista, com o tempo a criança vai parar e brincar de alimentar o cachorro. Aumente a brincadeira e encontre alguns amigos para o lanche, como o elefante, leão, e outros, alargando o horizonte e os interesses da criança. Se for muito sobrecarregado para a criança este passo, volte um pouco para traz.
Evite questionamentos e direcionamentos. Muita estrutura e perguntas nesta hora podem inibir tanto a iniciativa da criança como o processo dela solucionar problemas. Quando a criança estiver se sentindo confortável com a brincadeira recíproca, você poderá direcionar a brincadeira para conceitos e seqüências que deseja trabalhar. Exemplo: Ela só brinca de carrinho e sempre os coloca na mesma ordem. Introduzindo o cachorro e novos problemas, a criança começará a dar atenção a outros brinquedos.
Brinque e interaja. Pretenda ser um dos brinquedos e explore isso. Exemplo: Ao invés de dizer "venha e me ajude a construir um forte", seja um personagem que está pedindo ajuda. Converse com os brinquedos. Quando a criança estiver acostumada com este tipo de brincadeira tente mudar sua estrutura. Exemplo: Se ele só quer brincar com o carro azul, peça para deixar que você brinque uma vez com o carro azul.
Se a atenção da criança for mínima, não puxe a brincadeira por muito tempo. O importante é ela aprender como é gostoso brincar com outras pessoas.
Não se preocupe se está fazendo certo ou errado. Se divirta com o processo. O único erro é não brincar ou não tentar interagir com a criança.

Fonte: Autism Asperger´s Digest Magazine

terça-feira, 8 de novembro de 2011

O que é o AEE?



AEE- ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO
 Um serviço da Educação Especial que:

•Identifica,
•elabora e
•organiza recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena participação dos alunos, considerando as suas necessidades específicas.
O AEE complementa e/ou suplementa a formação do aluno com vistas à autonomia e independência na escola e fora dela
O que faz o AEE?
•Apóia o desenvolvimento do aluno com deficiência, transtornos gerais de desenvolvimento e altas habilidades.
• Disponibiliza o ensino de linguagens e de códigos específicos de comunicação e sinalização
•oferece tecnologia assistiva – TA
•adapta e produz materiais didáticos e pedagógicos, com em vista as necessidades específicas dos alunos,
•oportuniza o enriquecimento curricular (para alunos com altas habilidades)

O AEE deve se articular com a proposta da escola comum, embora suas atividades se diferenciem das realizadas em salas de aula de ensino comum.

Para quem?
•O AEE se destina a alunos com deficiência física, mental, sensorial (visual e pessoas com surdez parcial e total)

•Alunos com transtornos gerais de desenvolvimento e com altas habilidades (que constituem o público alvo da Educação Especial) também podem ser atendidos por esse serviço.

Espaços de AEE
Escola comum: salas de recursos multifuncionais.

Centro de Apoio Pedagógico para Atendimento à Deficiência Visual – CAP

Centro Especializado

Argumentos em favor do “preferencialmente” nas escolas comuns
Do ponto de vista do aluno
     A escola é o lugar em que esse aluno está sendo formado para a vida pública, construindo sua identidade a partir dos confrontos com as diferenças e da convivência com o outro.

Do ponto de vista do AEE
      Quanto mais o AEE for oferecido na  escola comum que esse aluno freqüenta, mais ele estará afirmando o seu papel de oportunizar a inclusão,  distanciando os alunos de centros especializados públicos e privados, que os privam de um ambiente de formação comum a todos, discriminando-os , segregando-os
Do ponto de vista da escola
            Os problemas desse aluno devem ser tratados e discutidos no dia-a-dia da escola e com todos os que nela atuam – no ensino regular e especial

Do ponto de vista dos pais

           O desenvolvimento e a escolarização de seus filhos, a partir de uma experiência inteiramente inclusiva, sem terem de recorrer a atendimentos segregados, exteriores à escola para que seus filhos sejam reconhecidos nas suas especificidades.




sexta-feira, 28 de outubro de 2011

A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA NO AMBIENTE ESCOLAR



Paula Pereira da Silva Belem[1]


"O comportamento humano não é pré-determinado, como nos animais. Temos o poder de mudar o futuro, de mudar nosso comportamento já no próximo momento. Podemos mudar por amor, por querer bem a uma pessoa amada, a um filho, à humanidade”. (Içami Tiba)

INTRODUÇÃO
   Por acreditar que a família é o suporte fundamental para o bom desempenho escolar dos filhos, verificou-se que não são somente os pais que contam com a escola, mas esta, igualmente, conta com eles. Os primeiros anos de escolaridade são muito importantes a todo o ser humano. Nesse período, podem aparecer problemas de toda a ordem: seja de cunho afetivo-emocional, de dificuldades de aprendizagem. O trabalho conjunto entre família escola pode, sem dúvida, ajudar a criança a superar essas dificuldades transformando a escola, além de um espaço de aprendizagem, um importante espaço de convivência humana.

OBJETIVO

   O objetivo do presente estudo tem por meta apresentar um estudo reflexivo baseado nos resultados de uma pesquisa realizada em crianças com idades entre 06 e 07 anos, estudantes do Ensino Fundamental, observando o envolvimento dos pais no processo educacional de seus filhos em parceria com a escola.


METODOLOGIA

   Partiu-se de uma pesquisa teórico-bibliográfica  e de cunho psicopedagógico, que pudessem embasar novas propostas de sensibilização e ação conjunta entre familiares de educandos de uma classe do ensino fundamental e escola,

 

CONSIDERAÇÕES SOBRE O ESTUDO

   O interesse em realizar a pesquisa surgiu da necessidade em aproximar as famílias do ambiente escolar. Mediante minhas experiências anteriores de 18 anos de escola pública, percebendo que os entraves situacionais se repetiam na unidade em que trabalho atualmente; procurei tecer novos objetivos e propostas educacionais que visassem a uma aproximação e interação entre ambas, a favor do educando e de seu aprendizado. A pesquisa foi realizada com 30 alunos do 1º ano do Ensino Fundamental, em uma EMEF localizada em um município da grande São Paulo. Os alunos estavam sem professor fixo de maio a outubro do ano de 2009, portanto, estavam com sérios problemas de indisciplina e aprendizagem. Assim, o primeiro passo foi realizar uma reunião de pais em caráter de urgência, pois era necessário compartilhar com os pais a realidade da classe. Durante a reunião foi proporcionado aos pais um momento de reflexão, para pensarem sobre o ambiente escolar de seus filhos, conforme visão de TIBA (1996), “O ambiente escolar deve ser de uma instituição que complemente o ambiente familiar do educando, os quais devem ser agradáveis e geradores de afetos. Os pais e a escola devem ter princípios muito próximos para o benefício do filho/aluno”. Os pais foram orientados, conforme uma perspectiva psicopedagógica, a estabelecer rotinas que contribuíssem para a aprendizagem de seus filhos, como: a hora da lição de casa.


CONSIDERAÇÕES FINAIS

   Durante a observação nas relações família e filhos, foram notados que os alunos os quais recebiam acompanhamento dos familiares nas realizações das tarefas escolares, em comparação com aqueles alunos cujos familiares supostamente não os acompanhavam, obtiveram um melhor desempenho na aprendizagem. Notou-se que, dos 30 alunos observados, apenas cinco não obtiveram progresso, tanto no que se refere à aprendizagem quanto ao comportamento. Além disso, é importante ressaltar que desses cinco alunos, apenas dois eram filhos de pais separados, residindo, portanto apenas com a mãe. Com o trabalho de sensibilização, numa perspectiva psicopedagógica, os demais pais participaram ativamente da vida escolar de seus filhos; percebendo que vida escolar e vida familiar são simultâneas e complementares. Conforme SZYMANSKI (1997), “Uma condição importante nas relações entre família e escola é a criação de um clima de respeito mútuo - favorecendo sentimentos de confiança e competência, tendo claramente delimitados os âmbitos de atuação de cada uma”. É preciso procurar reconhecer que a escola sozinha não consegue atingir os objetivos, mas quando há o envolvimento das famílias há, também, o êxito dos alunos na aprendizagem, tanto escolar como na educação de valores, que são fatores válidos não somente no contexto escolar, mas para vida.





REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1-Althuon, Beate. Reunião de pais: sofrimento ou prazer? / Beate Althuon, Corinna Essle, Isa S. Stoeber. – São Paulo: Casa do Psicólogo, 1996.

2-TIba, Içami. Disciplina, limite na medida certa. São Paulo: Gente, 1996.

3-Tiba, Içami. Seja feliz, meu filho: Como as expectativas dos pais podem favorecer ou prejudicar o crescimento do adolescente / Içami Tiba. – 16 ed. - São Paulo: Editora Gente, 1995.

4-Maldonado, Maria Tereza. Comunicação entre pais e filhos: a linguagem do sentir / Maria Tereza Maldonado. – 27 ed. - São Paulo: Saraiva, 2004.

5-Ferreira, Márcia. Ação Psicopedagógica na sala de aula: uma questão de inclusão/ Márcia Ferreira. – São Paulo: Paulus, 2001.

9-Szymanski, Heloísa. Encontros e Desencontros na Relação Família-Escola. In: SÃO PAULO. Secretaria de Estado da Educação. Os desafios enfrentados no cotidiano escolar. (Série Idéias n° 28). São Paulo: FDE. 1997. p. 213-225.






[1] Licenciada em Ciências Biológicas pela Universidade Braz Cubas – Licenciada em Pedagogia pela Universidade Bandeirante de São Paulo e Pós -graduada em Psicopedagogia pela Universidade de Guarulhos.

sábado, 15 de outubro de 2011

A IMPORTÂNCIA DO JOGO NO AEE

NA ÁREA COGNITIVA
- Desenvolve na criança a capacidade de observação do meio a sua volta, através de comparações de semelhanças e diferenças.
- Permite a elaboração de certas estruturas: classificação, ordenação, estruturação de tempo e espaço; primeiros elementos de lógica, através da resolução de problemas simples, buscando estratégias para vencer o jogo.
- Comunicação e expressão usando da necessidade de explicar as regras, contestar ou comentar as fases do jogo.
NA ÁREA MOTORA
- O jogo permite à criança ocasiões para criar e construir seus próprios brinquedos aperfeiçoando as suas habilidades.
- O jogo permite que a criança possa avaliar a sua competência motora, sendo motivada a ultrapassar pelo auto desafio.
NA ÁREA SOCIO-AFETIVA
- O jogo permite a criança a se livrar do seu egocentrismo.
- O jogo permite a criança a viver situações de colaboração, competição e também de oposição.
- O jogo permite a criança a conhecer regras respeitando o parceiro, aumentando seus contatos sociais

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

BRINCAR E APRENDER

BRINCAR  E  APRENDER

Brincar é uma forma atraente de envolver a criança na aprendizagem. A brincadeira é a grande oportunidade que ela tem de se desenvolver bem. Não se deve encará-la como um ato fútil, sem importância.
Desde longa data, as brincadeiras, os jogos, são tidos como atividades lúdicas enriquecedoras do lazer. Porém, mais recentemente, elas adquiriram um novo conceito, um sentido mais aperfeiçoado para a educação infantil, revelando sua alta contribuição para o desenvolvimento cognitivo, físico e emocional da criança.
A brinquedoteca é um lugar privilegiado das creches e das pré-escolas, essencial para as atividades pedagógicas compatíveis com a idade das crianças. A brincadeira traz oportunidades inesgotáveis ao desenvolvimento infantil. A psicopedagogia descobriu uma gama enorme de possibilidades educacionais através dela. O adulto deve estimular as crianças a, simplesmente, envolver-se em brincadeiras, sejam elas livres ou dirigidas, facilitar seu engajamento em atividades lúdicas.
A brincadeira favorece o processo de ensino-aprendizagem, ajuda a desenvolver a auto-estima, a capacidade de se expressar, de criar, de socializar, de pensar. Aguça a curiosidade infantil, impulsiona à investigação do método científico. Através da brincadeira, a criança manifesta sentimentos, relaciona-se com o mundo exterior, apropria-se, aos poucos, de sua realidade, estabelecendo, com o meio, interações sociais. Nessas interações vai aprendendo a comportar-se socialmente, a perceber, na convivência, a existência de normas, valores, direitos e deveres a serem cumpridos.
A criança tem necessidade de repetições. De acordo com Jean Piaget, o lazer orientado ajuda a criança a desenvolver hábitos, a compreender regras, a ampliar a capacidade de entender simbolismos, o significado do mundo. Por meio das atividades lúdicas a criança adquire hábitos que podem se perpetuar por toda a vida.
Os momentos de lazer são, também, de cumplicidade, de encontro de afinidades, de formação de amizades. O brincar entre si passa a noção do papel social que cada um exerce no grupo, das diferenças de atitudes, de reações de cada um. As brincadeiras vão formando o ser social, aquele que irá conviver com o outro, viver em sociedade, tendo que respeitar regras e limites. Já na pouca idade, dos dois ou três anos, brincando, a criança começa a perceber o outro, suas diferenças, permitindo-lhe construir sua identidade pessoal e social.
Através de jogos, de cartas, de dominó e outros, a criança aprende a lidar com as frustrações, a ceder, a negociar, a discutir, a solucionar problemas. A realidade vai se descortinando e ensinando a entender o mundo em que vive. Em determinados jogos, o faz-de-conta, por exemplo, ela assume diferentes papéis e diferentes representações: de mãe, de filha, de pai, de filho, de bailarino(a), pianista, notando um mundo de diferentes pessoas, com diferentes papéis. Percebe que uma mesma pessoa pode representar vários papéis sociais e vai desenvolver as várias habilidades correspondentes. É por meio dessas atividades que a criança aprende normas e valores.

Texto extraído do livro- Prática Pedagógica – estruturando pedagogicamente a escola.
 Autora: Izabel Sadalla Grispino


 

Dicas de ação do AEE

l        Oferecer todas as oportunidades possíveis nos espaços educacionais em que ele acontece, o aluno seja incentivado a se expressar, pesquisar, inventar hipóteses e reinventar o conhecimento livremente.


l        Propor situações, envolvendo ações em que o próprio aluno seja ativo no processo de aprendizagem.

l        Trabalhar a ampliação da capacidade de abstração. Não significa apenas desenvolver a memória, a atenção, as noções de espaço, tempo, causalidade, raciocínio lógico em si mesmo, nem tão pouco tem a ver com a desvalorização da ação direta sobre os objetos do conhecimento, pois a ação é o primeiro nível de toda a construção mental.


l        Intervir no sentido de fazer com que esse aluno perceba a capacidade que tem de pensar, para resolver uma situação problema, agindo com autonomia para escolher o caminho para sua solução.